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Rémulo Marques 27/07/2020 - SPORTING INFELIZ DA VIDA



Ruben Amorim, treinador do Sporting CP, terminou a época, em conferência de imprensa, clamando aos 7 ventos que está, passo a citar, "Feliz da Vida no Sporting!".


Isto, como todos sabem, logo depois de ter perdido mais um derby para o Benfica, de o Sporting ter concluído uma das suas piores temporadas na história, de ter acabado de perder o terceiro lugar, e o consequente acesso directo à fase de grupos da Liga Europa, e de o ter perdido para precisamente o SC Braga, clube de onde se transferiu para Alvalade a troco de uma quantia absolutamente "pornográfica".


Evidentemente, até porque, já dizia recentemente Paulo Sérgio, ninguém come gelados com a testa e o discurso de Ruben Amorim até essa frase teve como objectivo demonstrar que estava já focado na próxima época, que esta serviu, essencialmente, para trabalhar opções para a próxima, para lançar e limar novos talentos, mesmo que para isso se apresentem elevados custos financeiros (pela não entrada directa na Liga Europa), de calendário (por força da entrada em competição a "doer" bem mais cedo) e, não esquecer, de prestígio (um emblema como o Sporting volta a ficar fora do pódio).


Valeu tudo, até um discurso que, espremido, estava impregnado com as velhas máximas do "tocar a reunir", o "este já foi, vamos pensar no próximo" ou, ainda - e este eu adoro particularmente, "para o ano é que vai ser".


Para se usar este tipo de psicologia desportiva barata realmente não é preciso o nível IV de treinador. Mas níveis à parte, Ruben Amorim, como ex-profissional, ex-Internacional AA por Portugal, sabe bem que há coisas que não se dizem, ponto. E se não sabe, alguém na dita "estrutura" lhe devia explicar.


Mais, já se percebeu que Ruben Amorim, até por força dos bons resultados - que sustentaram a meteórica ascensão, mas também por personalidade é um treinador muito confiante em si, e nas suas capacidades. Algo que até vejo como uma qualidade, mas quando não passa a linha, muito ténue, para o excesso de confiança de se poder dizer o que se quer, seja no Casa Pia ou no Sporting Clube de Portugal (com todo o respeito, obviamente). Quando não se olha para um Sporting a lutar pela sua honra, pelo prestígio, pelo acesso directo a uma competição europeia como um clube onde podemos experimentar de tudo e mais alguma coisa no 11, mesmo que para isso se tenha de, em tão pouco tempo, mudar tantos jogadores das suas posições e rotinas.


Ruben Amorim é um treinador ainda em crescimento. E por isso comete e ainda vai cometer mais alguns erros. Isso temos todos de reconhecer e aceitar. O mal está em quem decide e num Frederico Varandas que acha que o Sporting está em condições de ser tubo de ensaio de Presidente e de Treinador. Quem acha que por se ir buscar o treinador ao rival na luta pelo terceiro lugar, independentemente de para isso se pagar valores estapafúrdios e assim demonstrar zero critério (como já o havia feito com Keizer, Leonel Pontes, and so on, so on), já lhe garantiria o acesso ao pódio por via da fragilização do SC Braga.


Que triste visão. Que visão tão redutora do que é, tem de ser, um clube como o Sporting.


Na verdade, é sofrível e passível de grande sofrimento para os sportinguistas, os verdadeiros, esses sim o grande valor, a grande riqueza do clube.


Mas, também, na verdade, que grau de exigência se pode esperar ou pretender de um treinador, quando o Presidente, líder máximo da instituição, depois de levar aquele amasso do Benfica na Supertaça conseguiu dizer algo como "Não estou preocupado"?


Ruben Amorim está feliz da Vida. É ele quem o diz. Mas este Sporting, que é tudo menos o Sporting que, obrigatoriamente, tinha de ser está Infeliz da Vida.


Aquele abraço.

Boas férias a todos!


Rémulo Marques

27/07/2020


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