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Luís Paulo Rodrigues 21/05/2020 - Frederico Varandas: uma falsidade insuportável



No célebre jogo entre o Sporting Clube de Portugal (SCP) e o Paços de Ferreira, em 8 de abril de 2018 (vitória por 2-0, depois da derrota com o Atlético de Madrid e do polémico post de Bruno de Carvalho no Facebook criticando alguns jogadores), houve um momento que me causou estranheza e, até, estupefação: foi quando o árbitro apitou para o fim do encontro e o então médico do SCP, Frederico Varandas, saltou do banco de suplentes como uma mola em direção ao centro do relvado, deixando o presidente Bruno de Carvalho sozinho, debatendo-se com fortes dores nas costas.


Para mim foi um momento inesquecível, sobre o qual escrevo agora pela primeira vez. Foi inesquecível porque, o que vi naquele momento, foi um médico indiferente a um problema físico de uma pessoa, com a agravante de esse médico estar ao serviço do SCP e de a pessoa em sofrimento ser o próprio presidente do clube.


Naturalmente, Frederico Varandas preferiu entrar no relvado para abraçar Jorge Jesus, Rui Patrício ou William Carvalho, em vez de ficar no banco, ao lado do presidente, solidário e atento ao seu estado físico, ajudando a levá-lo para os balneários, tarefa que ficou a cargo de um roupeiro e um segurança, que estavam nas imediações do banco leonino.


Nessa noite, lembrei-me de um amigo dos tempos do liceu, que tinha um tio que era massagista do Leixões, cujo profissionalismo e dedicação à saúde dos atletas era de tal ordem que o homem nem sequer sabia o resultado de cada jogo, pois a sua atenção permanente não era sobre a bola mas sobre os corpos dos onze jogadores da equipa leixonense.


Em Alvalade, a coisa foi diferente. Enquanto jogadores, médico e treinadores eram aplaudidos no centro do relvado, o presidente do SCP, abandonado no banco, era assobiado e teve de ser apoiado ao sair do banco, com queixas de fortes dores nas costas.


Ninguém ligou muito a esta cena, pois o alvo mediático já era Bruno de Carvalho. Nas bancadas, aliás, já havia lenços brancos e cartazes a indicarem ao presidente o caminho da rua.


Se a isto juntarmos uma fotografia mostrando Bruno de Carvalho deitado de barriga para baixo, numa marquesa, a ser atendido por um fisioterapeuta, fotografia essa tirada num espaço sob a responsabilidade de Frederico Varandas, enquanto médico do clube, e que foi enviada para os meios de comunicação minutos depois, então temos mais um elemento comprovativo de uma traição ao presidente do SCP feita a partir de dentro do grupo de trabalho do futebol profissional.



Pelas atitudes posteriores de Frederico Varandas, sobretudo, pela demonstração clara de uma persistente má relação com a verdade e com a palavra dada, compreendo agora por que é que o médico deixou o seu presidente ao abandono, num momento difícil, com a turba das bancadas também a manifestar descontentamento.


Na altura, naquele que foi o primeiro de uma série de jogos do SCP sempre a vencer na Liga, até baquear perante o Benfica e o Marítimo, ninguém imaginava o que viria a acontecer. Daí que esse episódio após o termo do jogo com o Paços de Ferreira tenha ficado na minha retina como simbólico daquilo que se passou posteriormente, com Varandas a ocupar o lugar de Bruno de Carvalho.


Isto depois de uma campanha em que Frederico Varandas afiançou que, com ele na presidência, Bruno de Carvalho não seria expulso do clube, com ele na presidência os dirigentes iriam apresentar publicamente a sua declaração de rendimentos, num sinal de transparência, e, ainda com ele na presidência, o Sporting seria um clube unido e campeão. Tudo palavras que o vento levou…


Aliás, o mandato de Frederico Varandas tem sido um repositório de mentiras, umas atrás das outras. A propósito, perante aquela fuga de informação para imprensa sobre o relatório da auditoria dita forense às contas da gestão de Bruno de Carvalho (que colocou na praça pública segredos da gestão sportinguista), Varandas afirmou que iria apresentar queixa na Polícia Judiciária, para que fosse apurada a verdade sobre essa fuga. Afinal, foi mais uma mentira, pois até hoje nada sabemos sobre os resultados da anunciada investigação policial.


É por estas e por outras que, para mim, e para muitos sportinguistas, Frederico Varandas é insuportavelmente falso. E o facto de, por estes dias, ter ido a correr para os braços de Luís Filipe Vieira, ao que diz a imprensa, para criar um novo bloco de poder no futebol português, só confirma a falsidade, antes de mais, perante o próprio Sporting Clube de Portugal.


Quando enganou os sportinguistas, dizendo-lhes que se candidatava à presidência para unir o SCP e que não seria ninguém para defender a expulsão do ex-Presidente Bruno de Carvalho (face à qual lavou as mãos como Pilatos e mobilizou a propaganda do clube contra o ex-Presidente), também afirmou que a Academia de Alcochete estava ao abandono, que o futebol de formação do clube já não tinha aquela capacidade de alimentar a equipa principal, alegadamente, por negligência da gestão anterior.


Acontece que a mentira tem perna curta. E as pernas das mentiras de Varandas são ainda mais curtas. Menos de dois anos depois, e perante os mesmos jovens jogadores que já estavam na formação do SCP em 2018, o mesmo Varandas faz o maior elogio à qualidade dos jovens valores da Academia, promove-os todos os dias na imprensa amiga – assim como promove o encantamento de Rúben Amorim com os novos talentos – e promete aos miúdos um lugar imediato na equipa principal, pois, afinal, parece que são todos jogadores de elite. E oxalá sejam!...



O homem que agora elogia os jogadores que há dois anos criticava também é assim quando fala sobre as contas do clube (está sempre a falar na dívida encontrada de 40 milhões a fornecedores, quando agora, depois de tantos milhões que deram entrada na Sporting SAD, deve muito mais), é assim na vida profissional (o episódio trapalhão do seu regresso ao Exército durante o estado de emergência também resulta dessa atitude falsa perante a vida), é capaz de ser assim em tudo o que faz na vida.


Daí os seus assomos de comerciante de mercearia (sem desprimor para os bons merceeiros...), como quando nos garante que "só Matheus Nunes vai pagar Rúben Amorim". Mesmo que o SCP só tenha 50% do passe do jogador Matheus Nunes, por incompetência ou negligência, dado o contrato com o jogador estar à beira do fim.


Ou quando nos revela que, "em breve, Rúben Amorim estará num grande europeu". Então o SCP, que teve a honra de participar por convite na primeira edição da atual Liga dos Campeões, e que já ganhou uma competição europeia, não é um clube grande e histórico na Europa do futebol?...


Além disso, mesmo com o barco a naufragar, Varandas ainda se julga o salvador da pátria leonina. Perante a crise diretiva mais grave do seu mandato, com quatro demissões no seu núcleo duro em apenas seis meses, três delas nos últimos dois meses e motivadas por divergências quanto ao rumo da gestão leonina, Varandas ainda nos brinda com esta pérola: "Se esta crise fosse há um ano o clube colapsava."


Por outro lado, justificar mais duas demissões na direção com a pandemia da covid-19 insere-se nessa onda de falsidade que, para Varandas, parece ser um estilo de vida. Ou será que os dirigentes demissionários foram infetados pelo novo coronavírus ou têm familiares doentes ou a morrer por causa da covid-19?


Não gosto nada de ser enganado, nem de ser tratado como se fosse mentecapto. É por isso que abomino a falsidade insuportável de Frederico Varandas.



Luís Paulo Rodrigues

21/05/2020


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