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Afonso Pinto Coelho 22/07/2020 - MAIS DE 84.000 SÓCIOS SUBMERGIDOS



“Mais de 84.000 sócios submergidos” pode parecer um bom titulo para um filme, mas na verdade é a triste realidade que resulta do processo de renumeração de sócios efectuada recentemente pelo actual Conselho Directivo do Sporting Clube de Portugal.


Em finais de Março de 2013 quando o anterior Conselho Directivo presidido por Bruno de Carvalho tomou posse existiam aproximadamente 99.500 sócios activos, dos quais apenas pouco mais de 47.000 pagava as respectivas quotas, ou seja, os sócios pagantes representavam menos de metade dos sócios activos. Desta forma, nas eleições de 2013 apenas 32.528 sócios tinham capacidade eleitoral activa.


Em Junho de 2015 foi efectuada a renumeração estatutariamente obrigatória, onde foram eliminados cerca de 5.500 sócios, sendo que o número de sócios activos passou a ser aproximadamente 120.500, dos quais os pagantes aumentaram para quase 55.000 (+16%). Nas eleições de 2017, os sócios com capacidade eleitoral activa eram 43.610 (+34%).


Em Junho de 2018 quando o anterior Conselho Directivo presidido por Bruno de Carvalho deixou o clube existiam aproximadamente 172.000 sócios activos, dos quais quase 79.000 tinha as quotas em dia, ou seja, mais 67% do que quando iniciou funções e mais 44% do que na renumeração de 2015. Se considerarmos os 5.500 sócios removidos na remuneração de 2015, o anterior Conselho Directivo trouxe para o clube cerca de 78.000 novos sócios, o que se reflectiu no crescimento das receitas de quotização, as quais atingiram o seu valor máximo no exercicio económico 2017/2018, conforme se pode ver no gráfico.



Quando o actual Conselho Directivo assumiu funções, o Sporting Clube de Portugal contava com cerca de 84.000 sócios pagantes, que traduz um crescimento de 5.000 sócios pagantes relativamente a Junho de 2018, o que se justifica pela regularização de quotas por parte dos associados para participarem no último acto eleitoral. Nas eleições de 2018, os sócios com capacidade eleitoral activa eram 51.009, ou seja, mais 17% do que relativamente às eleições de 2017 e mais 57% do que relativamente às eleições de 2013. Este crescimento é consequência do aumento do número de sócios pagantes entre Março de 2013 e Setembro de 2018.


O programa eleitoral da candidatura “Unir o Sporting” apresentou como objectivo ultrapassar os 200.000 sócios em 2019, o qual se pode considerar claramente como um incumprimento do prograna eleitoral, conforme facilmente se demonstra. O orçamento de receitas de quotização apresentado pelo actual Conselho Directivo para o exercicio económico 2018/2019 foi de 9,7 Milhões de Euros, sendo que o valor real das receitas de quotização em 2018/2019 foi de 8,65 Milhões de Euros, ou seja, menos 1,05 Milhões de Euros (-11%) face ao orçamentado e menos 0,265 Milhões de Euros (-3%) face ao real homologo do exercicio económico 2017/2018.



O valor orçamentado de receitas de quotizações para o exercicio económico 2019/2020 foi de 9 Milhões de Euros, sendo que não se conhece ainda o valor realizado, nem mesmo se conhece sequer oficialmente qualquer projecção orçamental relativamente ao exercicio económico que finalizou em 30 de Junho de 2020. De qualquer forma já se conhece que o valor do orçamento a apresentar para o exercicio económico 2020/2021 relativamente a receitas de quotização será de 8,1 Milhões de Euros.


No passado dia 2 de Junho, o Conselho Directivo fez um comunicado relativamente ao processo de renumeração obrigatório estatutariamente “nos anos terminados em zero e cinco”, conforme o Artigo 19 dos Estatutos do Sporting Clube de Portugal. De acordo com os estatutos, a definição do critério de renumeração de sócios é da responsabilidade de cada Conselho Directivo em funções. Desta forma, o actual Conselho Directivo optou por eliminar todos os sócios com mais de 2 anos de quotas em atraso em relação ao mês da renumeração (Julho 2020), ou seja, periodo que coincide com o momento da destituição do anterior Conselho Directivo.



Assim, foram eliminados mais de 84.000 sócios, dos quais quase 51.000 sócios que já eram sócios em Março de 2013, antes da entrada do anterior Conselho Directivo, e mais de 33.000 dos sócios eliminados fizeram a sua adesão ao clube durante a presidência de Bruno de Carvalho. O actual Conselho Directivo eliminou mais de 42% dos sócios que o anterior Conselho Directivo trouxe para integrarem a massa associativa do clube, e eliminou mais sócios do que aqueles que o anterior Conselho Directivo conseguiu que se fizessem sócios do clube.


De acordo com o comunicado emitido pelo Conselho Directivo no passado dia 15 de Julho ficamos a saber que 74.638 sócios tem as quotas em dia, numero inferior aos quase 79.000 sócios pagantes em Junho de 2018 (quando o anterior Conselho Directivo deixou de exercer funções) e aos 84.000 sócios pagantes no momento em que o actual Conselho Directivo assumiu funções. Por outro lado, ficámos também a saber que nos ultimos dois anos entraram no clube apenas 19.000 novos sócios, ou seja, menos de 800 sócios/mês, enquanto que durante os mandatos do anterior Conselho Directivo (78.000 sócios em 63 meses), a média de novos sócios que entrou para o clube ultrapassou os 1.200 sócios/mês.



Por ultimo, é manifestamente incompreensível, incoerente e contraditório como num período de “dificuldades que muitos sportinguistas enfrentam devido à pandemia de Covid-19 e às consequências da mesma”, conforme refere o próprio comunicado emitido em 2 de Junho, que a preocupação do Conselho Directivo apenas incidiu numa campanha de descontos para pagamentos de quotas em atraso, não oferecendo qualquer possibilidade de pagamento de quotas a quem tenha mais de dois anos de quotas em atraso, e que não as conseguiu pagar até a renumeração, optando o actual Conselho Directivo pela eliminação destes sócios. Por outro lado, não se entende a redução massiva do número de sócios numa óptica de negociação de contratos publicitários com os patrocinadores, na medida em que a estratégia adoptada vai ter implicações a nível da redução da capacidade negocial do próprio clube perante os patrocinadores.


O Sporting Clube de Portugal precisa de cada vez mais sócios, e que os adeptos se transformem em sócios, e não da eliminação de sócios que se transformem simplesmente em adeptos!

Saudações leoninas.



Afonso Pinto Coelho

22/07/2020



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