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  • Foto do escritorOpinião com Assinatura

Rémulo Marques 25/05/2020 - Obrigado, Bruno de Carvalho!

Obrigado, Bruno de Carvalho!


Termina hoje a minha participação, neste espaço de opinião com Assinatura, no site oficial de Bruno de Carvalho. 

E, como tal, há algo que se impõe dizer logo à partida, sem mais considerações: Obrigado, Bruno de Carvalho!


Obrigado pela oportunidade, e por ter visto em mim competência capaz de gerar conteúdo suficientemente interessante para fazer parte do ilustre lote de comentadores eleitos para, durante este período de confinamento, abordarmos, de forma livre e completamente democrática, uma série de temas da actualidade desportiva e da própria sociedade.

Foi um gosto e um privilégio.


E apraz-me dizer que este projecto, do brunodecarvalho.com ilustra bem, por si só, o tanto que separa o Bruno, e a sua visão, para muitos outros dirigentes. 


Goste-se ou não do estilo, mas não se continue, propositadamente, a confundir estilo (ou personalidade) com competência. Com visão. Com capacidade. Ainda para mais num país que é exactamente assim que as coisas se processam. Ou seja, se é alguém que dá jeito bajular, esse alguém pode fazer a maior borrada, dizer as maiores barbaridades, cometer os maiores atropelos na gestão dos seus clubes que é tudo só uma questão de estilo, de personalidade que há que respeitar. Há que olhar para o bom que se fez, e esquecer o mau, pois claro. 


Mas, para outros, como foi o caso do Bruno, julga-se, lincha-se, acusa-se, bate-se sem dó nem piedade. Porque é um burnout, porque é ditador, porque isto, e porque aquilo. Eu simplifico: É "só" porque ousou, sozinho, bater-se contra todos os poderes instalados. Contra todas as sombras e penumbras. E contra os reis dessas sombras e dessas penumbras. E pagou caro essa factura. 


Aliás, vamos fazer aqui um pequeno exercício. Ou melhor, dois. Façam-no comigo. 


1 ) Tivesse sucedido, em que altura da sua presidência fosse (mesmo quando viveu o seu estado de graça), com Bruno de Carvalho uma sucessão de três demissões na sua direcção e que análises, editoriais, etc, seriam feitos? Se em dois dias, três elementos directivos, pedissem a demissão? Imaginemos, apenas.  

Agora atente-se no caso de Frederico Varandas e nas saídas de Bernardo Simões, Filipe Osório de Castro e Rahim Ahamad. Ele foi o desgraçado do Covid-19 que lhes causou uma série de transtornos e, pois claro, o Sporting, esse clube que até nem é das maiores instituições do país, tem de ficar para segundo plano. Ele foi questões familiares e pessoais e, claro, o Sporting... pois, paciência. A própria forma como as notícias das saídas foram veiculadas já encerravam, em si mesmas, uma desculpabilização do Presidente e de quem se demitiu. E então, repito, transporte-se isto para um cenário em que Bruno de Carvalho era o Presidente. O mesmo Presidente que, por vezes até demasiado, colocou o Sporting à frente de tudo, e de todos (e possivelmente foi mesmo o seu maior erro). 

2) Durante as alegações finais do mediático julgamento do ignóbil ataque à Academia de Alcochete, foi afirmado o seguinte (cito parte de uma peça do Jornal Público): «“Em julgamento, não se fez prova de que o arguido tenha dado directivas para esses actos”. Foi desta forma que o Ministério Público (MP) justificou a falta de prova acerca da culpa de Bruno de Carvalho, ex-presidente do Sporting, no planeamento e autoria moral do ataque a Alcochete.» 


Ora muito bem, o exercício que vos coloco agora é tão somente que atentem nas capas de vários jornais com pseudo-indícios acusatórios contra Bruno de Carvalho, e que as comparem com o dia seguinte em que esta conclusão foi anunciada em tribunal. Atente-se. 

Eu quero, aqui, publicamente, fazer o meu próprio Mea Culpa. Não por causa de Alcochete e desse vergonhoso episódio. Mas, sim, porque também eu julguei Bruno de Carvalho num determinado momento. Lá está, pelo estilo. Sem ter os dados todos, sem estar por dentro. Sem conhecer a pessoa e as motivações. E fiz mal. Até porque não aceito que ninguém o faça comigo. Até porque fui várias vezes, e quero voltar a ser, Director Desportivo, Dirigente Desportivo, e sei bem que há muitas coisas que não são, e não são para ser, do conhecimento "público". Muitas coisas que nos levam ao limite, que nos levam a tomar certas atitudes e a dizer certas coisas num momento e que nós próprios, mais à frente, somos os primeiros a perceber que "hoje" até fazíamos de outra forma. 


A minha opinião é muito simples. E vou repetir: Não se julgue, sem provas. Não se ataque, sem conhecer os dados todos. E quando se errar, porque vamos errar, incluindo jornalistas e orgãos de comunicação social, reconheça-se os erros em igual proporção de mediatismo com os "erros" cometidos (e veiculados). Ao mesmo tempo, não se passe cheques em branco, como é tão comum fazer-se, a quem faz tanta, mas tanta asneira no futebol português. Seja de que clube for ou de que instituição. Tenham coragem e o mesmo escrutínio que usaram para Bruno de Carvalho, com todos os outros. Com todos. 


Obrigado, Bruno de Carvalho!


Rémulo Marques

25/05/2020


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