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Rémulo Marques 27/04/2020 - Em Portugal a Corrupção tem outro significado? A palavra quer dizer...

Em Portugal a Corrupção tem outro significado? A palavra quer dizer outra coisa completamente diferente?


Estas são dúvidas existenciais que sinto no momento. Em Portugal, ou se preferirem, na língua que Camões tão bem promoveu, "Corrupção" quer dizer outra coisa que não esta: 


"Acção ou efeito de corromper, de adulterar o conteúdo original de algo.Acção ou resultado de subornar, de oferecer dinheiro a uma ou várias pessoas, com o objectivo de obter algo em benefício próprio ou em nome de uma outra pessoa; suborno.Utilização de recursos que, para ter acesso a informações confidenciais, podem ser usados em benefício próprio.Alteração das propriedades originais de alguma coisa;Desvirtuamento de hábitos; devassidão de costumes; devassidão."

E perante a Lei? No nosso Código Penal é assim tão difícil enquadrar o acto. Mais que isso, enquadrar (e já agora, se não der muito trabalho, punir) devidamente quem corrompe?


E hoje estou aqui a reflectir, quiçá a divagar até, sobre isto porquê? Porque ainda esta semana li, atentamente, que o Tribunal de Navarra, aqui ao lado em Espanha, não foi de modas. Penas de prisão para nove dos onze acusados de corrupção desportiva no "Caso Osasuna". 


Um caso de corrupção desportiva através da manipulação de resultados em que a justiça condenou (se bem que passível de recurso, claro está) dirigentes, agentes e até ex-jogadores. Essas condenações puniram crimes como apropriação indevida de fundos, falsificação de documentos comerciais e de contabilidade e corrupção desportiva, e com penas que chegaram aos 8 anos e 9 meses de prisão. 


Uma decisão histórica por ser a primeira condenação por corrupção desportiva em Espanha com penas de prisão para ex-jogadores de futebol da La Liga, porque o tribunal considerou como provado que os membros, à época, da direcção do Osasuna aliciaram os dois ex-jogadores do Betis - Amaya e Torres - com 650 mil euros, para incentivar a vitória frente ao Valladolid, na 37.ª jornada da temporada 2013/14, e a derrota com o Osasuna, na 38.ª e última ronda. 

Isto tudo, na mesma semana em que também ficamos a saber que o todo-poderoso Olympiacos corre riscos de descer de divisão devido a um outro caso de corrupção. O relatório do comité de ética da federação grega de futebol propõe que o Olympiacos e o Atromitos desçam à 2ª Divisão (e paguem uma multa de 3 milhões de euros) na sequência da alegada manipulação do resultado ocorrida no encontro entre ambos disputado a 4 de Fevereiro de 2015 (2-1 a favor da equipa do Pireu). Vangelis Marinakis, Presidente do Olympiacos, pode vir a ser irradiado do futebol.


Ou seja, pergunto novamente: Portugal tem definições diferentes de corrupção? Em Portugal nunca se consegue provar nada? 


Lembro-me do que aconteceu em Itália já por diversas vezes e independentemente do nome do clube se chamar Juventus ou não. 


E continuo a divagar... a perguntar... e a ver sempre a mesma coisa. 


Aqui neste belo cantinho plantado à beira-mar, num país que tem tudo para ser um país de futebol, é também o tal do país dos brandos costumes. Um dia gritamos a plenos pulmões contra tudo e todos, no dia a seguir... segue o baile. 


Um dia todos acusamos alguém sem provas e sem contemplações apenas baseados no burburinho que os Media decidem dar a certo assunto, no dia seguinte fechamos os olhos a decisões absurdas e abjectas da justiça perante factos por demais evidentes. Todos os dias fechamos os olhos ao fechar de olhos conveniente da justiça (toda ela, incluindo da desportiva) perante actos e omissões dos poderosos. 

Mas... segue o baile! Que amanhã lá aparece mais alguém para se atirar para a fogueira. Para se acusar, para se apelidar de tudo e mais alguma coisa e, com isso, criar paredes de fumo, denso nevoeiro de cobertura a quem, realmente, tinha obrigatoriamente de estar sob a alçada inquisitória da justiça. 


Corrupção em Portugal não quer dizer corrupção, certamente. Só pode. Ou então neste país isso não acontece. São só fait-divers. 

Segue o Baile.

Rémulo Marques

27/04/2020


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