Ao longo da minha vida, a quadra natalícia tem sido a minha época preferida do ano. Foi nesta altura que nasci e, precisamente também por isso, esta época do ano tem-me proporcionado momentos muito felizes entre família e amigos. Como sportinguista nem sempre o Natal tem sido fértil em alegrias e este ano, apesar do primeiro lugar na Liga NOS, continuo a não sentir o genuíno deleito e a vaidade sem contrição de ser leão porque vejo o meu clube a enveredar por um caminho que não me orgulha.
Os acontecimentos das últimas semanas, em especial a recusa do PMAG do Sporting em agendar as Assembleias Gerais requeridas, e desejadas, por milhares de sócios motivou, a minha decisão de observar um auto-imposto período de reflexão. Não é propriamente uma reação à forma dictatorial como o PMAG agiu, porque infelizmente nunca outra coisa esperei dele. Trata-se de uma necessidade de avaliar se ainda tenho algum contributo positivo a dar no sentido de persuadir os sportinguistas a serem mais activos, mais exigentes, mais assertivos, mais envolvidos, e menos tolerantes e indulgentes para com quem os desrespeita e despreza. Por este motivo, e apesar de ter muitas razões para censurar não só os actuais dirigentes como aqueles sportinguistas acomodados que nada fazem para resgatar o nosso clube, vou deixar este tema para uma futura crónica.
Esta semana, quero apenas desejar aos verdadeiros sportinguistas um Natal muito feliz na companhia de todos os que vos são queridos. O meu verdadeiro desejo é que o vosso Natal não seja apenas um dia de festa, mas que perdure naqueles nobres sentimentos de amor, de fraternidade, de solidariedade e de respeito para com o próximo, e que seja vivido todos os dias do ano. Esta é também uma época de gratidão. Como sportinguista, nunca esquecerei a minha dívida para com o Dr. Bruno de Carvalho e sua família. O seu empenho, competência, defesa e obra feita no clube, foram apenas excedidos pelo enorme sacrifício pessoal e pelo indescritível tormento a que foram sujeitos. Que esta quadra mágica de Natal seja, para eles, um tesouro que o futuro transforme em memórias escritas a letras douradas no livro das suas vidas.
Uma palavra de apreço para aqueles resistentes e leais leões que continuam a travar uma luta gigantesca e desigual, e que recusam demitir-se de um dever que devia ser de todos: recuperar o Sporting e devolvê-lo aos sócios anónimos que são o maior património do clube e são quem verdadeiramente sofre por ele. Para todos estes resistentes, dentro e fora de Portugal, que mantêm vivo o sonho de um Sporting democrático e justo, lutando empenhadamente muitas vezes em prejuízo das suas vidas particulares, desejo que a chama e magia do Natal vivam nos seus corações e lhes tragam paz, felicidade e conforto em cada dia.
Feliz Natal sportinguistas!
Luís Teves
23/12/2020
