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Luís Teves 16/12/2020 - VAMOS TODOS PARA ONDE?



Após as ocorrências da passada semana, sinto o meu sportinguismo entristecido, desanimado,  e até mesmo extenuado. Tantas têm sido as batalhas inglórias, as iniciativas fracassadas, as angústias vividas, as expectativas defraudadas e as promessas não cumpridas desde 2018. Não tem sido fácil para ninguém sustentar por tanto tempo esta luta por um Sporting dos sócios, democrático, justo e inclusivo. Cheguei finalmente à altura em que sinto a necessidade de fazer uma reflexão profunda, franca e honesta sobre se vale a pena consumir tanta energia emocional, e investir tanto empenho pessoal por uma causa onde começo a sentir-me em minoria e onde os meus companheiros de luta parecem ser sempre os mesmos.


Nunca convivi bem com a injustiça, com o desrespeito, com a desigualdade, com a ilegalidade e especialmente com a falta de honestidade e de carácter. Mais do que querer ver o Sporting um clube pujante e vencedor, a minha ligação a esta causa prende-se essencialmente com a minha ânsia de ver reposta a verdade, de ver feita justiça, de ver punidos os golpistas, e de testemunhar o dia em que o Sporting será devolvido aos sócios e será de novo gerido democraticamente, onde todos sejam respeitados e tratados sem descriminação. Mas começo a duvidar que tal dia chegue a breve trecho porque vejo uma falta de empenho e uma letargia generalizada por parte dos sportinguistas, porventura embriagados pela posição de equipa de futebol na tabela classificativa. A minha tenacidade e obstinação começam a dar lugar à revolta e repugnância. Estou a ficar enojado do que se vive no clube.


Tenho nojo de ver um presidente que se senta no pavilhão com os pés em cima das cadeiras numa atitude insolente e de profundo desrespeito pelos sócios que, como eu, contribuíram para erguer aquele edifício e dar uma casa decente às modalidades do clube. Tenho nojo de ver o clube e os seus sócios reféns de um PMAG que não tem a mínima intenção de cumprir as suas obrigações estatutárias nem a decência de se recusar em processos em que é visado decidindo vergonhosamente em causa própria.  Enoja-me ver um clube, que em tempos pensei ser meu também, onde os sócios e adeptos não se revoltam quando são obrigados a votar com boletins codificados, quando têm de se descalçar para entrar no seu próprio estádio, quando vêm sacos cheios de papéis a serem transportados para o exterior do recinto em plena AG de destituição de um presidente. Sinto-me repugnado quando verifico que os sportinguistas permitiram que o clube fosse assaltado, que o poder tivesse sido arrebatado através de múltiplas ilegalidades, que o seu presidente tivesse sido julgado e condenado na praça pública e que mesmo depois de ter sido inequivocamente ilibado não se juntam em massa para exigir a sua reintegração.



Entristece-me constatar que centenas de sportinguistas aparecem para apoiar a equipa de futebol antes de um jogo da Taça de Portugal, em plena situação de pandemia, mas apenas duas ou três dezenas comparecem numa manifestação contra um PMAG que lhes sequestrou o clube, a dignidade e os seus direitos de sócios. Ficam assim demonstradas as prioridades de maioria dos sportinguistas frouxos e acomodados...futebol acima do clube, vitórias acima da justiça, títulos acima da integridade. Indigna-me constatar que muitos se vendem por tão pouco e estão dispostos a esquecer tanta bandalheira e velhacaria a troco de umas jornadas à frente do campeonato. Não são assim tão diferentes dos outros a quem tanto criticam.


Resta-me tentar ser honesto comigo próprio, avaliar as minhas prioridades e decidir, a seu tempo, se vale a pena continuar nesta cruzada de tentar fazer ver aos sportinguistas o que é realmente importante, mais importante do que vencer jogos e campeonatos. Não se trata de de decidir se quero “ir para onde vão todos” porque eu sempre soube a direcção em que quero caminhar. Para mim, e em virtude da minha educação, não há outro caminho que não seja o da honestidade, da justiça, da verdade, do carácter e da dignidade. Esta é a minha direcção, e é inegociável. Infelizmente, desde 2018, este deixou de ser rumo do Sporting Clube de Portugal.



Luís Teves

16/12/2020


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