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Luis Teves 01/07/2020 - SÓ NOS SAEM DUQUES E CENAS TRISTES – PARTE II



Em primeiro lugar quero enviar a todos os verdadeiros sportinguistas um forte abraço leonino nesta tão significativa data para o nosso clube que hoje celebra 114 anos de existência. Como todas a melhores coisas do mundo o Sporting é, e sempre será, um ideal, um amor que se sente com o coração e e se vive com a alma.



Na minha última intervenção fiz referência a algumas imbecilidades que emergiram nas exposições de alguns participantes nas jornadas Sporting com Rumo. Terminei então o meu texto com um “Para a semana há mais”. Infelizmente, não me enganei.


Não sei bem porquê mas o fenómeno do clubismo e do futebol parece ser das poucas coisas que fazem com que certas pessoas se tornem quase deliberadamente irracionais e incongruentes e estas jornadas têm sido prova contundente disso. Muitos apresentam soluções para problemas que não existem, e se existem, não aparentam ser problemas noutros clubes. A questão das AGs Delegadas são um exemplo:


não são utilizadas nos outros grandes clubes portugueses, mas no Sporting há quem insista que é a única a solução para que sejam efectuadas AGs com elevação, sem no entanto saber delinear os mecanismos da sua implementação. Fala-se por falar sem saber do que se está a falar.


Esta semana tivemos mais uma pepita de ouro da ciência e sapiência filosófica croquete, cortesia do Dr. José Dias Ferreira. O causídico avisou que “No dia em que colocarem um sócio/um voto, o Sporting acaba”. Tal como outros participantes antes dele, não aprofundou nem explicou como nem porquê o Sporting acabaria. Faltou talvez dizer que aquele Sporting que acabaria seria o Sporting dele e dos seus amigos. Acabaria o Sporting elitista, onde os "notáveis"; se passeiam como pavões em Alvalade, onde se distribuem convites para a burguesia assistir a jogos de futebol após um bom repasto regado com vinho "vintage" às custas do Sporting. Acabaria o clube do compadrio, das negociatas, dos primos, dos sobrinhos, dos tios e tias, e dos amigos e familiares dos dirigentes. Muito possivelmente acabaria o clube moribundo, inconsequente, sem chama, sem orgulho, sem paixão, sem respeito e sem dinheiro.


Mas o meu Sporting, o Sporting dos sócios anónimos, que vibram, sofrem, amam e choram pelo clube, este Sporting renasceria. Renasceria o clube com orgulho e vitalidade, o clube competitivo com mentalidade ganhadora. Renasceria o clube democrático, lutador, inclusivo, humilde mas orgulhoso, onde não há lugar para nepotismo nem para feiras de vaidades. Renasceria o Sporting da exigência, da transparência, da competência, da verdade, da igualdade e da fraternidade. Renasceria o Sporting dos sócios que foi idealizado há 114 anos atrás.



Já em 2019 o Dr. Dias Ferreira defendeu que é preciso vender a maioria da Sporting SAD a um investidor externo; uma opinião que não tenho dúvidas teria forte oposição da maioria dos sócios do clube. Nessa altura, como agora, também não explicou porquê, ou que garantias e vantagens, uma potencial venda a um investidor estrangeiro traria ao Sporting. Será que por magia o sistema de um sócio/um voto acabaria de vez com o clube e a venda da SAD faria do Sporting um crónico campeão? Como explica o Dr. Dias Ferreira que o FC Porto, um clube onde cada sócio tem direito a um só voto, seja o clube português com mais títulos nacionais e internacionais nos últimos 35 anos? E como explica o Dr. Dias Ferreira que tanto o FC Porto como o SL Benfica, onde nunca se fala em vender as respectivas SAD a investidores estrangeiros, continuam a repartir, entre si, os títulos nacionais de futebol profissional e o

acesso à Champions League?


O Dr. Dias Ferreira decerto nunca leu um artigo de Roberto Ferdman, reproduzido no Público, intitulado “How to act less stupid according to Psychologists” (trad. Como ser menos estúpido, segundo os psicólogos) em que o autor descreve um estudo feito por Balazs Aczel e outros dois especialistas em psicologia. Segundo o estudo de Aczel uma das situações face à qual temos a tendência para aplicar a palavra “estúpido” é a que chamam a “ignorância confiante”. Acontece quando a capacidade que uma pessoa pensa ter para fazer algo ultrapassa, de longe, a sua real capacidade de o fazer – e está associado ao mais alto nível de estupidez”. Ou seja, a coisa mais estúpida que uma pessoa pode fazer é sobrestimar-se porque demonstra ter uma má percepção das suas reais capacidades. O Dr. Dias Ferreira se soubesse reconhecer as suas limitações e interpretar correctamente as reacções dos sportinguistas às suas ideias, há muito tinha compreendido que jamais conseguirá concretizar aquele sonho que anda a perseguir desde que João Rocha deixou o clube em 1986…ser presidente do Sporting. Dias Ferreira gosta

mais de opinar do que escutar e por isso ainda não se apercebeu que não representa nada nem

ninguém no universo leonino. Só lhe resta um tachinho.


Lamentavelmente o Dr. Dias Ferreira não esta sozinho. No Sporting abundam muitos especialistas da tal “ignorância confiante”, gente que não tem problema em sobrestimar-se, em dizer parvoíces, sugerir barbaridades, e falar do que não percebe. Gente que está sempre interessada em aparecer nos jornais e écrans. Desde a era de José Roquette que se tentou criar no seio dos sportinguistas a noção de que o “roquetismo” é o único modelo de gestão credível e adequado e as únicas pessoas com capacidade para gerir o clube são os que defendem aquela ideologia. Criou-se um ambiente em que, através das suas acções manipulativas e ropagandistas, os “roquetistas” conseguiram que uma grande parte dos sportinguistas os seguisse cegamente. Este tem sido o problema do clube durante as últimas três décadas com os péssimos resultados que conhecemos.


No entanto, a breve interrupção dos cinco anos de gestão de Bruno de Carvalho provou-nos que é possível gerir o clube de outra forma, com rigor, com resultados, com competência. É urgente fazer renascer o Sporting de 2013-2018 para que os próximos 114 anos possam ser tão ou mais gloriosos do que os primeiros.



Luis Teves

01/07/2020


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