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Luís Teves 10/03/2021 - NA CAMA COM O INIMIGO



O Sporting Clube de Portugal é o clube das novelas. Ainda não terminou a novela João Palhinha e já começou a novela Ruben Amorim. Admito que para mim é difícil dar uma opinião sobre ambos os casos porque não gosto de fazer comentários acerca de assuntos sobre os quais não estou bem informado e nestes processos não estou, de facto. Isto não me impede de observar que, no que respeita a ambos episódios, parecem haver precedentes que não terão sido abordados da mesma forma pelas instâncias com competência para os apreciar. Já estamos habituados a este tipo de duplicidade nos critérios em Portugal, não só na esfera desportiva como em muitas outras como na justiça, por exemplo.


O que constato, através do que tenho assistido nas redes sociais, é que grande parte dos sportinguistas, interromperam nos últimos dias as suas publicações repletas de fanfarronice embriagada, para as substituir por gritos de revolta e de indignação, como se esta fosse a primeira vez que o Sporting tenha sido visado, perseguido e prejudicado pelas entidades que governam o futebol nacional. Sou sportinguista há mais de 50 anos e já vi este filme várias vezes, com diferentes actores e personagens.


Esta situação perdura porque o Sporting há muito que não tem a mínima influência nos órgãos que detêm poder de decisão no futebol nacional, seja a nível da Liga seja a nível da FPF.  As sucessivas administrações do clube, com a excepção da administração de Bruno de Carvalho, tem ignorado por completo esta temática e concedido de bandeja os cargos de maior relevo aos nossos adversários. A actual administração, chegou mesmo ao ponto de optar por reduzir a nossa representação a nível da Liga de Clubes. Ninguém sabe bem qual a razão que motivou tal decisão porque o CD do Sporting nunca esclareceu os sócios sobre essa matéria e, por isso, dou comigo a imaginar que provavelmente Frederico Varandas considerou ser mais proveitoso fazer alianças com os vizinhos, do que ter representantes em lugares de influência na Liga.


Por outro lado, questiono o porquê de nós, sportinguistas, ficarmos assim tão surpreendidos com os ataques ao clube por parte dos nossos adversários quando nós próprios permitimos que o clube fosse golpeado e abalroado por dentro. Nós, os sócios e adeptos do clube, consentimos que o clube fosse tomado de assalto, virámos as costas a quem lutava, sem descanso, para devolver a grandeza ao clube e fazer com que a história e honra do Sporting fossem respeitadas. Deixámos um presidente a lutar sozinho por aquilo que agora estamos a exigir: pelo respeito, pela verdade e pela dignidade da nossa instituição. Não lhe demos a devida proteção e apoio enquanto ele travava uma dura cruzada solitária contra os poderes instalados que sempre prejudicaram o nosso clube e agora choramos e lastimamos a nossa vitimização.


Entretanto, seguimos acomodados, tolerando um Conselho Directivo que em situações como estas se limita a publicar uns comunicados inócuos para consumo interno mas que na realidade nada faz de forma tangível e factual em defesa do clube. Pelo contrário, quando as situações requerem uma actuação firme, inequívoca e intransigente Varandas e seus pares, invariavelmente demitem-se das suas obrigações e nada fazem. Assim foi com a decisão de não recorrer no processo E-Toupeira. Assim foi com a completa indiferença institucional após a resolução do processo Cashball onde o bom nome e reputação do clube foram arrastados pela lama. Não houve o mínimo interesse por parte deste CD em iniciar um processo em tribunal com vista a apurar responsabilidades e castigar os responsáveis. O presidente do Sporting em vez de defender o clube intransigentemente escreveu “muito menos acredito em teorias da conspiração" reforçando desta forma a ideia de que as acusações de corrupção feitas ao então presidente e funcionários do Sporting eram verdadeiras. Uma atitude própria de um verme rastejante que, em vez de se preocupar na defesa do bom nome do Sporting, aproveitou a oportunidade para consumar a sua vindita pessoal e engenhar a sua ascensão ilegal ao poder.


O mesmo se passou em relação ao ataque de Alcochete. Foi ilibado quem foi acusado de ter sido o mandante mas o Dr. Varandas e a sua direcção nunca se preocuparam em tentar apurar os factos sobre o que realmente se passou naquele fatídico dia que manchou o bom nome do Sporting e resultou num prejuízo de centenas de milhões de euros para o clube. Foi necessário o ex-presidente Bruno de Carvalho fazer uma denúncia para o Ministério Público abrir um novo inquérito à invasão ao centro de estágio para proceder a investigação a dois potenciais participantes.


Perante os dois casos que mais lesaram o Sporting nos últimos anos, o actual CD fez….NADA. Deixaram o clube ser humilhado e vexado e nada fizeram para defender a honra e a reputação do Sporting Clube de Portugal, simplesmente porque não servia os seus interesses pessoais. Percebe-se que para esta gente não convinha defender o Sporting nestes dois casos sob pena de serem reveladas algumas “surpresas” sobre alguns senhores dentro da nossa própria casa. O problema é que quando não se defende o clube numa situação, perde-se a autoridade moral de o defender em todas as outras e passa-se para o exterior a ideia que futuros ataques não terão consequências.


Aos sócios e adeptos do meu clube pergunto porque se queixam tanto sobre os ataques ao clube vindos do exterior quando permitem que aqueles que tem a responsabilidade de defender o Sporting, e não o fazem, continuem a desfrutar das suas mordomias e dos seus salários principescos. Nós que continuamos a consentir a quem minou e atacou o clube por dentro, e a quem fez alianças com os nossos inimigos, sentar-se na cadeira presidencial teremos assim tanta razão de queixa? Nós que premiamos quem, mais do que ninguém, defendeu abnegadamente o clube com a destituição e expulsão de sócio estamos a queixar-nos propriamente de que?



Luís Teves

10/03/2021


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