Opinião com Assinatura
Inês Simões 21/04/2020 - Não seremos menos livres se não festejarmos o dia 25 de abril...
Não seremos menos livres se não festejarmos o dia 25 de abril podemos é ser menos mortos.
É de um egoísmo tal pensarem que estão imunes ou que podem não infectar mais ninguém fora da AR.
Estou em casa em isolamento desde o dia 12 de março com a minha família e no parlamento vai acontecer uma sessão solene onde até alguns dos convidados pertencem a um grupo de risco.
Este exemplo é contraditório a tudo aquilo que sempre nos pediram, o estado tem que dar o exemplo e não está a acontecer!
Os funerais quase vazios, o luto frio, cruel e solitário, tendo que nos despedir de quem mais amamos à distância.
Adoptámos o teletrabalho, tornámo-nos pais, professores e domésticos.
Comemorámos a Páscoa sem a família, muitas das pessoas sozinhas em casa. Vimos o Papa celebrar a Páscoa exemplarmente só.
A nossa casa é a escola dos nossos filhos, o nosso local de trabalho, o nosso ginásio.
Os eventos são livestream, os concertos livestream, as empresas, negócios e funcionários todos a reiventarem-se a cada dia que passa.

E a celebração solene do 25 de abril na AR é mais importante do que tudo isto, em quê? Em nada!
A arrogância do Presidente da Assembleia da Republica é tanta ao falar desta celebração que me dá nojo.
Se festejar o 25 de abril se resume a 130 pessoas na AR enquanto o País está fechado em casa, então quão frágil é esta democracia?
Inês Simões
21/04/2020
